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CRITÉRIOS CITOMORFOLÓGICOS DE MALIGNIDADE As células superficiais normais do epitélio cérvico-vaginal são oriundas de células profundas do mesmo epitélio por divisão celular e progressiva maturação. Todas as células superficiais, intermediárias e profundas, originadas de um epitélio hígido, são muito semelhantes entre si. As variações da afinidade tintorial ,da espessura citoplasmática, da morfologia citoplasmática são mínimas quando comparas entre elementos da mesma camada. Assim, também são os núcleos (contorno, forma, tamanho e afinidade tintorial). Estes achados são compatíveis com normalidade genética, com epitélio normal. Nos epitélio atípicos isto não se observa. Existem alterações nucleares e citoplasmáticas tão discrepantes que na simples observação microscópica qualquer leigo orientado saberá separá-las. À medida que aumenta o grau de atipia, aumenta o grau de desordem morfológica. Estas alterações são tão peculiares que tornam possível a classificação citológica das atipias epiteliais em leves, moderadas e acentuadas. Não foge à regra o diagnóstico de carcinoma "in situ", invasor, tanto de origem escamosa como glandular. Os critério, como acabamos de mencionar, são de natureza citoplasmática e nuclear.
A degeneração mucóide dos citoplasmas de células glandulares neoplásicas é outro exemplo (células em "anel de sinete").
Através destes critérios, o citopatologista tem condição de diagnosticar uma célula como displásica ou neoplásica.
Estas atipias celulares podem ser encontradas em uma gama variável de alterações que vão desde os processos reacionais benignos, relacionados à inflamação, caminhando por alterações peculiares às neoplasias intra-epiteliais escamosas e glandulares até às atipias celulares observadas nas neoplasias francamente invasivas do colo uterino. Quanto maior o grau de atipia celular, maior o grau de lesão epitelial. As alterações celulares relacionadas à inflamação não são chamadas de atipias, reservando-se o têrmo apenas as observadas nas neoplasias intra-epiteliais e invasoras. Na categoria de alterações celulares reacionais estão incluídos os "mímicos" e as alterações epiteliais de significado indeterminado. Os "mímicos" (Figuras 23, 48, 49, 53, 54, 111, 112, 113, e 114) são alterações celulares que podem ser confundidas com àquelas observadas na atipias intra-epiteliais. Na tricomoníase, candidíase ou na gardnerose a formação de grandes halos perinucleares associados a certo grau de cariomegalia, hipercromaisa e multinucleação pode sugerir coilocitose. O coilócito verdadeiro tem atipia nuclear clara (irregularidade de contorno nuclear, hipercromasia mais intensa) e halo-perinuclear com bordas reforçadas; no entanto nem sempre esta claro estas alterações. A presença de mímicos também é observada em cortes histológicos. Com certeza é nesta categoria que se encontra a maioria de exames citológicos e anátomo-patológicos falso-positivos, sendo portanto o principal responsável por sobre-tratamentos. Assim, a presença de coilócitos em esfregaços inflamatórios, e na ausências de imagens colposcópicas compatíveis com infecção por HPV, torna-se necessário a repetição do exame citológico após tratamento do agente inflamatório. Às vezes é preciso um teste biomolecular para se ter certeza. A tricomoníase é a maior produtora de mímicos tanto em nível citológico como anátomo-patológico e também colposcópico. Pode determinar alterações celulares reacionais e inflamatórias tão intensas que podem mimetizarem até um carcinoma "in situ" ou mesmo um adenocarcinoma. Não raro, na tricomoníase, por causa do processo erosivo determinado por esta protozoose, há formação de células de reparo (regeneração) que são células que normalmente apresentam características bizarras, como cromatina granulosa, núcleos volumosos, nucléolos evidentes e freqüentes mitoses. Se estas células que já são por natureza "atípicas" apresentarem alterações inflamatórias/reacionais podem confundir ou sugerir o patologista a possibilidade de uma neoplasia epitelial glandular. Nestes casos é conduta prudente realizar tratamento do agente inflamatório, tratar a atrofia epitelial, para depois repetir o exame citológico, antes de realizar biópsia.
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